Mesmo com a alta da inflação e do dólar, executivos de grupos como o Saint-Gobain e Duratex enxergam um cenário desafiador, mas otimista
De acordo com o levantamento realizado pela Rede de Obras, ferramenta de pesquisa da e-Construmarket, a projeção de futuras obras industriais totaliza 504 novos empreendimentos no Brasil. A região Sudeste detém 224 empreendimentos, contra 123 da região Sul. Um exemplo é o grupo francês Saint-Gobain, fornecedor de vários produtos para as obras do programa MCMV, que está investindo R$ 550 milhões em novas fábricas e no varejo em 2015. “O Brasil sempre se adaptou rapidamente aos cenários de crise. Vamos continuar crescendo no mercado brasileiro”, afirma o CEO global da Saint-Gobain, Pierre-André de Chalendar.
Para este ano, o conglomerado francês pretende inaugurar três fábricas no país e poderá abrir entre três ou quatro unidades da Telhanorte. “Para 2015, projetamos um crescimento entre 7% e 8%”, declara o presidente da Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile, Thierry Fournier. Apesar do otimismo, o executivo admite que o cenário é desafiador. “A inflação está subindo, e a alta do dólar impacta um pouco na matéria-prima que importamos. Este ano vai ser mais difícil”, comenta.
INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA
Segundo ele, o Brasil nem sempre foi um ‘rio tranquilo’. “Essa não é a primeira dificuldade que encontramos por aqui, mas continuamos com bons resultados”, diz Chalendar. Em 2014, o grupo teve faturamento de R$ 10 bilhões no Brasil nos diversos segmentos em que atua, desde argamassas, sob o selo Weber, até projetos de infraestrutura – Saint-Gobain Canalização. “Temos obtido crescimento e boa rentabilidade no país”, garante.
Com investimentos de R$ 1,3 bilhão, a Duratex anuncia a construção da maior unidade de painéis industrializados de madeira da América Latina, que será implantada na região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais. A nova unidade gerará mais de mil empregos no período de pico das obras. O projeto contará com duas linhas – sendo uma de MDP e uma de MDF –, que somarão uma capacidade efetiva de 1,4 milhão de m³ por ano e expandirão a capacidade total da empresa para 5,6 milhões de m³ por ano, representando um crescimento de 34%. As linhas serão montadas consecutivamente, o que representa importante redução de custos, e entrarão em operação no segundo semestre de 2016 e 2017. A maior parte dos investimentos se dará no período de 2015 a 2017.
PAINÉIS DE MADEIRA E CIMENTO
“O mercado nacional de painéis de madeira cresce a taxas superiores à da economia brasileira, com uma média anual de 10% de 2009 a 2013, e de 7,5%, de 2004 a 2013”, revela o presidente da Duratex, Antonio Joaquim de Oliveira. Ainda que com um crescimento modesto do PIB, projeções da empresa Duratex indicam que o mercado estará demandando, a partir de 2017, uma expansão da atual capacidade instalada, mesmo considerando os investimentos realizados nos últimos quatro anos na construção de três novas fábricas.
“Saímos à frente com um projeto competitivo que reúne alta escala, localização e logística privilegiadas, além de uma equipe de talentos diferenciados. E mais: o projeto é concebido em conformidade com as melhores práticas de sustentabilidade, será submetido a financiamento do BNDES e utilizará recursos próprios”, comemora Antonio Joaquim de Oliveira.
A cimenteira Apodi, também na contramão do mercado, anunciou investimento de R$ 1 bilhão na construção de uma nova fábrica de cimento na cidade de Santo Amaro das Brotas, em Sergipe. A nova unidade fabril priorizará mão de obra local e a contratação de fornecedores de bens e serviços estabelecidos no estado.
A previsão é produzir quatro mil toneladas de cimento por dia. As atuais fábricas da Apodi ficam próximas ao porto de Pecém, em Fortaleza, e em Quixeré, no Ceará. O estado de Sergipe foi escolhido para a expansão pela localização estratégica, vizinha aos estados da Bahia e de Pernambuco, locais de distribuição difícil, devido ao alto custo relativo de transporte.
COLABORARAM PARA ESTA MATÉRIA
- Antonio Joaquim de Oliveira – Engenheiro Florestal e Mestre em Planejamento e Economia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa, MG, com cursos de extensão em Gestão Estratégica de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Finanças e Planejamento Estratégico pela Wharton Business School. Na Duratex acumula passagem pelos cargos de gerente de Controladoria e Planejamento Florestal, de 1990 a 1994; gerente-executivo de Suprimentos e Produtos de Madeira Sólida, de 1994 a 1995; gerente-executivo de 1995 a 2000; diretor-executivo Florestal de 2000 a 2011 e diretor-executivo.
- Thierry Fournier – É graduado pela Ecole Nationale des Ponts de Chaussés e pela Ecole Polytechnique, ambas na França. Engenheiro, atua no Grupo Saint-Gobain há mais de 10 anos. Em sua trajetória profissional teve a oportunidade de trabalhar nas atividades de Embalagens e Produtos para Construção do Grupo, assumindo posições de diretor-geral destas unidades em diversos países. O executivo esteve à frente de outra importante regional para a companhia: a Delegação Rússia & Comunidade dos Estados Independentes. Antes de entrar para o Grupo, Fournier atuou nos setores portuário e aeroportuário da França.
- Pierre-André de Chalendar – É graduado pela ESSEC e pela Escola Nacional de Administração da França. Especialista em finanças, foi diretor adjunto encarregado por energia e materiais do Ministério da Indústria, na França. Na Saint-Gobain, iniciou sua carreira em 1989 como diretor de Planejamento. Desde então, ocupou o cargo de vice-presidente da Abrasivos Europa, entre 1992 e 1996, e o de presidente da atividade Abrasivos, de 1996 a 2000. Também foi delegado-geral para o Reino Unido e República da Irlanda, de 2000 a 2002. Foi nomeado, em 2003, diretor-geral adjunto da Cie. Saint-Gobain, responsável pelo Polo Distribuição. Em 2005, foi nomeado diretor-geral delegado da Cie. Saint-Gobain e, em 2006, eleito para o Conselho. Tornou-se diretor-geral em 2007 e, no ano seguinte, presidente e diretor-geral. Desde 2010, atua como CEO do Grupo. Pierre-André de Chalendar também integra o Conselho de Administração da Veolia Environnement e BNP Paribas. Além disso, preside a Entreprises pour l’Environnement desde 2012.
- Fonte: http://www.rededeobras.com.br/
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